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26 de janeiro de 2010

O que é certo?

Feriado chuvoso e aquela mega sensação de ficar em casa de baixo do cobertor parecia ser fantástica. Até que a minha irmã chegou com o filme “Uma prova de amor”, confesso que não tinha ouvido falar nele até então, chamamos a minha mãe, fizemos brigadeiro e pipoca e pulamos no sofá!

E logo no início me surpreendi, a apenas 20 minutos do filme eu já estava chorando. Tá bom eu sou chorona para caramba, mas vocês vão entender o meu choro que logo ficou desesperador (daqueles de soluçar mesmo) e como a minha família me acompanhou na melodia chorosa.

O roteiro de Cassavetes e de Jeremy Levin, foi baseado no bestseller de Jodi Picoult, chamado My Sister´s Keeper. Para variar o filme não é fiel ao livro, mas através de uma narrativa diferenciada, todos os seus personagens conseguem contar a sua versão. Com uma trilha sonora fantástica, esse filme com certeza entrou para os meus favoritos.

O filme conta a história de Kate, uma menina que desde pequena sofre de leucemia. Sua mãe (Cameron Diaz) deixou a profissão de lado para se dedicar 100% a filha doente. Até que o médico sugere que eles façam uma fertilização in vitro para que a nova criança se torne uma doadora em potencial.

Eis que nasce Anna. A menina sempre foi submetida a operações para salvar a vida da irmã, mas quando completa 11 anos decide processar a família para ter imunidade hospitalar e decidir o que fazer com o próprio corpo. Fiquei chocada, e ela dizendo que também era importante, nossa foi de cortar o coração.

Com a doença de Kate os pais não prestaram mais atenção nos demais filhos, Jesse tem dislexia e a pequena Anna acha que a estão usando.

Kate demonstra uma maturidade que realmente me deixou surpresa, para uma menina de 15 anos e no estado em que ela se encontrava. Uau!!

O tema em si já é bastante polêmico, e o tempo em que Kate era mais nova viveu coisas que somente a adolescência pode nos oferecer. Isso me fez pensar em certas coisas. Não vou contar o final do filme, mas ....

Até quando nós sabemos o que é bom para os outros?
Será que não sufocamos os outros com o nosso amor?
O que fazemos é para o bem dos outros ou para o nosso bem? Será que somos tão egoístas assim?
Por que temos tanto medo da morte se ela é sempre tão presente?
E sobre as células – tronco? É justo?
E a eutanásia? Por que há tantas divergências?

Eis que o filme acaba, mais ou menos como imaginamos. Os créditos começam a subir na tela e ninguém se move, o silêncio pairava naquele ambiente onde 3 pessoas estavam perplexas, com os olhos muito vermelhos e as mentes bem longe ...

11 de janeiro de 2010

Medo de transporte público

Um sábado de sol e um convite para ir à galeria do Rock. Coisa comum no nosso dia-a-dia desde os 15 anos (mais ou menos), depois de uma tarde muito gostosa chega a hora de ir embora. Eu pego um ônibus e ele outro até ai tinha tudo para ser um dia comum.

Estranhamente, por ser sábado, o ônibus estava mega lotado e tive que ficar de pé na porta dos fundos. Quando estou sozinha no ônibus e sem o meu MP3 não tenho uma cara muito agradável, amigos que encontro sempre dizem “nossa que cara de brava”.

Mas, no ponto seguinte (ainda na Av. São João) uma mulher que aparentava ter uns 40 anos, um corte de cabelo bem moderno e uma cara de cansada, entrou falando ao celular. Toda atrapalhada e ficou do meu lado. Sem mais nem menos, nem olhando para ela eu estava, a mulher me cutuca e começa a puxar assunto.

Detalhe que ela começou falando sozinha e em um trajeto que durou cerca de 30 minutos descobri que ela era solteira, morava no centro (perto da Folha), que o carro quebrou e que estava indo visitar a mãe que mora na ZN. Só que era a 1ª vez que ela fazia esse trajeto de ônibus.

Achei isso um pouco engraçado, mas falei com ela sobre o trajeto do ônibus e a acalmei. A mulher estava em pânico só por que estava andando de ônibus e também por causa do trânsito.

Então ela começou a falar sobre política e quando eu ia descer ela me agradeceu e me disse que não vai consertar o carro, que algumas pessoas não merecem, mas ela quer viver num lugar melhor e sem poluição. Desci e me esqueci de perguntar o nome dela.

Mas fiquei pensando.
Todo mundo adora falar de sustentabilidade, a todo o momento somos rodeados por campanhas de “troque seu carro por uma bicicleta” e há também o dia nacional sem carro. Mas e ai?

Só que isso não faz parte de algumas pessoas. Quando cheguei em casa me lembrei de uma ex-colega de trabalho, uma menina que só de olhar para ela você diz que é filhinha de papai.

Um dia no trabalho ela chegou me perguntando assustada “Como você consegue andar de metrô ?” Fiquei com medo de responder e na real nem sabia o que responder para ela. Mas perguntei o motivo da pergunta.

Ela nunca tinha andado de metrô na vida, mas como o carro estava no conserto, o pai disse que não podia leve-la e como ela queria muito ir não teve outro jeito. Ela andou sábado, as 16h da estação Tucuruvi até a estação Santana e achou horrível e super perigoso.

Pois é. Mostrei uma foto do metrô Sé, durante a semana em horário de pico e ela quase teve um treco. Mandou concertarem o carro o quanto antes por que se não ela não ia mais sair de casa.

É pessoas, mudar e ajudar o mundo é apenas uma questão de querer. Apenas isso.

Pena que algumas pessoas não se acostumam.

E que venha 2012

=**